Actualmente estão identificados 15
sítios com pinturas rupestres na região do Ebo. Desses, a equipa do
“Projecto Ebo” fez o registo de 9 e estão a ser estudados em pormenor 3 abrigos
com pinturas rupestres (os primeiros a serem registados no âmbito deste
projecto) – Dalambiri, Cumbira e Caiombo.
O "Projecto Ebo - Arte Rupestre, Arqueologia, Património e Desenvolvimento" (Projecto PTDC/HIS-ARQ/103187/2008 da Fundação para a Ciência e Tecnologia, Portugal), numa parceria que engloba instituições portuguesas e angolanas, tem como objectivo geral construir uma dinâmica integrada, sobre o território do Ebo, no Kwanza-Sul, em Angola, cujo relevante património possibilita associar as dimensões de investigação, conservação e valorização patrimonial.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
domingo, 29 de setembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
AS PESSOAS
A equipa foi sempre muito bem recebida pelos amáveis e simpáticos habitantes do Ebo.
Alguns dos jovens chegaram mesmo a participar no trabalho de campo.
Todos adoravam ficar nas fotografias, por isso fica aqui prestada uma singela homenagem como forma de agradecimento pela hospitalidade e colaboração.
Alguns dos jovens chegaram mesmo a participar no trabalho de campo.
Todos adoravam ficar nas fotografias, por isso fica aqui prestada uma singela homenagem como forma de agradecimento pela hospitalidade e colaboração.
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
EQUIPA
Ana Paula Gomes.Foto: Cristina Martins. |
Ana Roque.Foto: Cristina Martins. |
Avelino Zua.Foto: Cristina Martins. |
Cristina Martins. Foto: Ana Roque. |
Hipólito Collado. Foto: Cristina Martins. |
João Katchicondala.Foto: Cristina Martins. |
Luiz Oosterbeek. Foto: Cristina Martins. |
Manuel Gutierrez. Foto: Cristina Martins. Maria Helena Benjamim. Foto: Cristina Martins. |
Paulo Valongo.Foto: Cristina Martins. |
Pierluigi Rosina. Foto: Cristina Martins. |
Prazeres Seralo.Foto: Cristina Martins. |
TRABALHO DE CAMPO
Os trabalhos de campo foram divididos em três etapas: a 1ª campanha decorreu Maio de 2011, a 2ª em Maio e Junho de 2012 e a 3ª em Junho e Julho de 2013, envolvendo investigadores portugueses (IPT, ITM,UTAD, IICT) e angolanos (MNAB e INPC).
Os objectivos do trabalho passavam, em termos gerais, pela prospecção, nomeadamente das áreas adjacentes aos abrigos e pela documentação - mapeamento e registo da arte rupestre, sondagens e recolha de elementos etnográficos da região.
Várias etapas do trabalho de campo. Fotos: Cristina Martins e Luiz Oosterbeek. |
Materiais de superfície. Foto: Cristina Martins. |
Alguns materiais provenientes da sondagem do Dalambiri. Foto: Cristina Martins. |
Recolha de elementos etnográficos. Foto: Cristina Martins. |
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
O PROJECTO
A investigação arqueológica em
Angola remonta ao século XIX, com as primeiras publicações em 1890 (Severo,
1890).
No domínio da arte rupestre, a
descoberta de novas estações e o emprego de novas metodologias de registo, de
análise e datação, inserem-se, no presente projecto, numa perspectiva que
privilegia não apenas uma documentação exaustiva dos sítios mas, também, a
compreensão do seu contexto cultural e paisagístico.
O Projecto Ebo foi, nestes termos,
o primeiro grande estudo efectuado para a região, reunindo pesquisadores de
diversas especialidades, embora tendo a arte rupestre como núcleo, orientado
para a compreensão da dinâmica social e cultural da região, associada às
mudanças da paisagem.
Os objectivos específicos foram
estruturados segundo o objectivo geral de retomar a pesquisa arqueológica em
Angola em cooperação com as entidades nacionais competentes.
Para o Ebo a documentação
anteriormente existente era quase nula, não existindo qualquer estudo
monográfico para a região, pesem embora as menções de Carlos Ervedosa no seu
monumental trabalho sobre a arqueologia angolana (Ervedosa 1980).
Assim, o projecto foi orientado
para estudar uma região brevemente referenciada nos anos 1970, mas nunca estudada
em pormenor – a região do Ebo, um município da Província do Kwanza Sul, em
Angola – assumindo como bases materiais o conjunto de abrigos com pinturas
rupestres já noticiados e como métodos o seu registo exaustivo (em fotografia e
desenho), o seu processamento laboratorial com identificação de motivos, temas
e cenas, e a sua contextualização topográfica, geomorfológica, paisagística e
antropológica. Os resultados que se foram obtendo foram objecto de disseminação
académica (através de artigos científicos) e social (contribuindo para a
formação de uma consciência crítica sobre a profundidade histórica dos lugares
e sobre a importância da preservação patrimonial).
O projecto foi cumprido no plano
estratégico. No entanto, tratando-se de uma vasta área e tendo sido esta muito
afectada durante o período da guerra, existem ainda hoje áreas interditas, por
suspeita de minas, pelo que não foi possível visitar todos os locais em relação
aos quais temos referências dos habitantes locais como possuindo arte rupestre.
Os trabalhos de campo foram divididos em três etapas: a 1ª campanha decorreu
Maio de 2011, a 2ª em Maio e Junho de 2012 e a 3ª em Junho e Julho de 2013.
Breve História da Investigação
Arqueológica no Ebo
Carlos Ervedosa e Santos Júnior
desenvolveram, em Angola, vários trabalhos em conjunto. O Ebo foi um dos locais
que visitaram, fazendo sumárias anotações sobre os abrigos da Quingumba (o
Cavundi Quizólo e o Quissanga Cuanga Quissanga), da Cumbira, do Caiombo e de
Dalambiri, referenciados por Santos Júnior em poucas linhas no seu trabalho
“Arte Rupestre de Angola” (1974), e de forma mais pormenorizada em algumas
páginas da “Arqueologia Angolana” (1980) de Ervedosa. Este autor descreve
resumidamente as pinturas dos abrigos visitados, indicando a existência de
materiais de superfície (fragmentos de cerâmica, líticos e escórias de ferro).
Não termina a descrição sem
manifestar o desejo de voltar ao Ebo, reconhecendo que é uma zona que merece um
estudo exaustivo. Esta visita aconteceu em 1972. Entretanto, a guerra forçou a
ida de Ervedosa para Portugal, impedindo-o de cumprir aquela vontade.
É ainda naquelas páginas escritas
por Ervedosa que ficamos a saber que o Arquitecto Fernando Batalha, à época
responsável pelos Monumentos em Angola, após ter conhecimento dos abrigos com
pinturas do Ebo, decidiu fazer uma escavação num deles, no Abrigo de Dalambiri,
em finais 1971/início de 1972. O espólio resultante dessa escavação terá ido
para a fortaleza de Massangano (Ervedosa, 1980), mas perdeu-se-lhe o rasto.
Somando a isto o facto de Fernando Batalha nunca ter publicado algo sobre este
trabalho, perdeu-se toda a informação dessa intervenção.
Foi, no entanto, pela mão daquele
mesmo arquitecto que surgiu a apresentação da proposta, em Julho de 1974, para
classificar o Abrigo de Dalambiri. A proposta foi aceite e aprovada. Dalambiri
é monumento nacional pelo decreto nº110 – Boletim Oficial nº256 de 4 de
Novembro de 1974. Este abrigo é o maior da região, com maior número de figuras
(superior a 1 milhar).
As referências efectuadas por
Ervedosa sobre o enorme potencial arqueológico aliado à inexistência de
qualquer estudo sobre a região estão na génese do “Projecto Ebo” (Martins,
2008; Oosterbeek & Martins, 2011).
A REGIÃO
Localização do Ebo,
Kwanza Sul, Angola.
O
município do Ebo, na Província do Kwanza Sul, em Angola, tem 2191 km2
e 182 707 habitantes. Trata-se de uma zona de
terras altas subplanálticas, onde o relevo apresenta uma altitude que varia em
média entre os 1000 m e os 1500 m, marcado por rochas ígneas ou eruptivas, que
emergem sobre a forma de maciços granitóides, por vezes, inselbergs.
Paisagem do Ebo.
O município possui uma rede
hidrográfica muito rica, estruturada em torno do Rio Queve, para além de
inúmeros riachos e ribeiros, o que contribui para a grande fertilidade agrícola
dos solos e desenvolvimento da actividade piscatória (decisivos para
abastecimento de Luanda em períodos de escassez).
Os solos desta região,
associados a este substrato, são ferralíticos e paraferralíticos.
No Ebo, comunidades, arte rupestre,
território, testemunhos materiais e imateriais encontram-se interligados,
constituindo, no seu todo, uma complexa paisagem cultural, com inúmeros abrigos
pintados onde foram encontrados materiais líticos, cerâmicas e escórias de ferro,
à superfície.
Dispersos pela paisagem desta província
estão, também, peculiares construções sepulcrais, os túmulos dos Sobas (chefes
das aldeias) ou de outros notáveis da comunidade, construídos com pequenas
pedras acamadas sem argamassa, encimando morros graníticos.
Túmulos |
As casas são feitas de adobe.Os tijolos
de adobe são produzidos no próprio local e secos ao sol durante cerca de 10 dias,
sendo virados a cada 2 dias. São tijolos de terra crua, água e palha, moldados
em formas num processo totalmente artesanal. O telhado é de colmo, por
vezes, substituído por chapas de zinco. Cada casa é constituída por várias
pequenas casas (cozinha, quartos, arrumos, etc.).
Preparação de tijolos na aldeia Dalambiri. |
Casas da aldeia da Cumbira. |
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