quarta-feira, 2 de outubro de 2013

TRABALHO DE LABORATÓRIO

O registo da arte rupestre inclui a reprodução em escala real das representações, a reconstituição dos painéis pintados de cada um dos abrigos mas também a determinação das estratigrafias gráficas (análise das sobreposições) e do aproveitamento do espaço, o estudo da composição e dos processos de execução (cadeias operatórias), a análise da distribuição dos sítios nas áreas e das possíveis relações com outras manifestações gráficas, patrimoniais (ex. túmulos de pedra) e etnográficas (ex. ritos) e com o próprio povoamento.
No caso das pinturas não se fazem decalques directos, por questões de conservação da própria pintura, mas sim desenhos e decalques digitais. Para chegar a esta fase há que passar por uma outra que implica o tratamento das imagens fotográficas, utilizando ferramentas informáticas adequadas.







  
Foto original e respectivo decalque digital em execução.




Desenho de um painel e foto original.












segunda-feira, 30 de setembro de 2013

ARTE RUPESTRE

Actualmente estão identificados 15 sítios com pinturas rupestres na região do Ebo. Desses, a equipa do “Projecto Ebo” fez o registo de 9 e estão a ser estudados em pormenor 3 abrigos com pinturas rupestres (os primeiros a serem registados no âmbito deste projecto) – Dalambiri, Cumbira e Caiombo.


Localização dos sítios com arte rupestre – a azul os sítios registados;
 a vermelho os sítios identificados, mas ainda não registados.Fonte: Folha nº II – Sumbe. Instituto de Geodesia e Cartografia de Angola.


DALAMBIRI ou NDALAMBIRI
A aldeia de Dalambiri fica a cerca de 11 Km a Norte/Nordeste do Centro do Ebo.
O Abrigo situado a uma altitude de 1348 m, num grande inselberg granítico está orientado para Oeste.
Existem quatro níveis de sobreposições de pinturas: a negro muito diluídas, algumas a vermelho tijolo, em menor número e várias tonalidades de branco (do mais amarelado ao branco "puro", correspondendo a dois momentos diferentes), por vezes, combinadas com outras em negro e laranja.
Representados existem antropomorfos com morfologia diversa, geralmente associados entre si ou com zoomorfos.
Os zoomorfos são múltiplos e diversos, muitas vezes sendo possível identificar a espécie - antílopes, elefantes, jacarés, lagartos, cobras, aves.
Surgem ainda vários geométricos - figurações reticuladas, rectangulares, quadrangulares, triangulares - e outras diversas (figurações indefinidas), a par de duas inscrições recentes.
De salientar a enorme diversidade de representações de tipóias e de armas de fogo, por norma associadas a antropomorfos.
As pinturas apresentam apresentam tamanhos diversos que vão desde poucos centímetros até mais de 1m de comprimento e neste abrigo ultrapassam o milhar de representações.

Aldeia de Dalambiri.


Percurso até ao inselberg de Dalambiri.


Subida do Inselberg até ao abrigo.

Entrada do abrigo.


Algumas das pinturas rupestres.


Algumas das pinturas rupestres.

Algumas das pinturas rupestres de Dalambiri.


CUMBIRA
O abrigo apresenta três níveis de sobreposições com pinturas mais antigas a negro - zoomorfos (prováveis palancas) (painel1), antropomorfos esquemáticos e figuras geométricas muito simples (painéis 3 e 4). Existe apenas um traço em vermelho escuro e muito patinado no painel 4, que poderá corresponder a um momento mais remoto, mas em relação ao qual não se consegue identificar mais pinturas.
O momento seguinte poderá corresponder a representações de zoomorfos ou antropomorfos, pintados a branco, acompanhados de zoomorfos mais esquemáticos (Painel 1 e 4).
A fase seguinte apresenta figuras brancas de antropomorfos, alguns com armas e machados em forma de meia-lua, zoomorfos de perfil (elefantes, antílopes, lagartos), por vezes em cenas de caça e transporte e, ainda, representações em negro de antropomorfos carregando tipóias (Painéis 1 e 2).
Na parte inferior, junto ao solo do abrigo, no painel 1, identificam-se pinturas a branco "puro", deixando antever pequenos círculos e outras formas indeterminadas porque escondidas pelos sedimentos que, ano após ano, se acumulam no abrigo, trazidos pelas águas que o invadem no período das chuvas. 
Neste abrigo há cerca de uma centena de figuras.

O abrigo da Cumbira visto a partir da aldeia.

Forno da aldeia da Cumbira.

O abrigo e parte do percurso entre ele e a aldeia.

Algumas das pinturas rupestres da Cumbira.

Algumas das pinturas rupestres da Cumbira.

Algumas das pinturas rupestres da Cumbira.


CAIOMBO
O Bairro situa-se a cerca de 7,5 Km a Norte/Nordeste do Ebo.  
O abrigo situa-se a 1379m, num inselberg granítico, voltado a Este, composto por duas exsurgências geminadas de formato circular, completamente rochosas. À direita destas cavidades há uma pala com cerca de 11,5 m de comprimento com depósitos sedimentares.
Nestas cavidades circulares podem identificar-se algumas figurações de antropomorfos e zoomorfos esquemáticos a negro, muito desvanecidas e sobre as quais estão sobrepostas todas as demais.
Parecendo também corresponder a um momento mais remoto, pois encontram-se por baixo de todas as outras, estão figurações a vermelho escuro – círculos, semicírculos e linhas, podendo corresponder a uma representação única de grandes dimensões.
Seguem-se figurações a branco sujo e acinzentado, com pigmento muito espesso e grosseiro de zoomorfos e alguns símbolos simples, de cariz geométrico, sobre os quais estão representações, num branco amarelado, de antropomorfos com grande dinamismo, expressando a ideia de movimento, eventualmente ser contemporâneas das figuras em vermelho tijolo, tendo em conta a sequência estratigráfica. 
À última fase correspondem as pinturas em branco puro representando antropomorfos, sendo que um aparece com uma arma de fogo, zoomorfos de perfil e a representação de um quadrado.
A pala apresenta pequenas figurações esquemáticas em vermelho escuro, muito patinado – um antropomorfo esquemático, duas figuras indeterminadas compostas por traços grossos e outras duas compostas por traços finos, mais figurativas. Estas representações, juntamente com os círculos em vermelho escuro da cavidade anterior parecem corresponder à fase mais remota que se consegue identificar.
Há ligeiramente menos que uma centena de figuras.

Aldeia do Caiombo.


Abrigo do Caiombo.

Na  entrada do abrigo.

Algumas das pinturas rupestres do Caiombo.

Algumas das pinturas rupestres do Caiombo.

Algumas das pinturas rupestres do Caiombo.

domingo, 29 de setembro de 2013

DIVULGAÇÃO


  • Publicações






  • Encontros científicos nacionais e internacionais





  • Junto da comunidade local



  • Preparação de um curto documentário








sábado, 28 de setembro de 2013

AS PESSOAS

A equipa foi sempre muito bem recebida pelos amáveis e simpáticos habitantes do Ebo.
Alguns dos jovens chegaram mesmo a participar no trabalho de campo.
Todos adoravam ficar nas fotografias, por isso fica aqui prestada uma singela homenagem como forma de agradecimento pela hospitalidade e colaboração.




sexta-feira, 27 de setembro de 2013

EQUIPA


Ana Paula Gomes.Foto: Cristina Martins.

Ana Roque.Foto: Cristina Martins.

Avelino Zua.Foto: Cristina Martins.

Cristina Martins. Foto: Ana Roque.

Hipólito Collado. Foto: Cristina Martins.

João Katchicondala.Foto: Cristina Martins.

Luiz Oosterbeek. Foto: Cristina Martins.
Manuel Gutierrez. Foto: Cristina Martins.



Maria Helena Benjamim. Foto: Cristina Martins.

Paulo Valongo.Foto: Cristina Martins.

Pierluigi Rosina. Foto: Cristina Martins.
Prazeres Seralo.Foto: Cristina Martins.

TRABALHO DE CAMPO

Os trabalhos de campo foram divididos em três etapas: a 1ª campanha decorreu Maio de 2011, a 2ª em Maio e Junho de 2012 e a 3ª em Junho e Julho de 2013, envolvendo investigadores portugueses (IPT, ITM,UTAD, IICT) e angolanos (MNAB e INPC).
Os objectivos do trabalho passavam, em termos gerais, pela prospecção, nomeadamente das áreas adjacentes aos abrigos e  pela documentação - mapeamento e registo da arte rupestre, sondagens e recolha de elementos etnográficos da região.


Várias etapas do trabalho de campo. Fotos: Cristina Martins e Luiz Oosterbeek.

Materiais de superfície. Foto: Cristina Martins.

Alguns materiais provenientes da sondagem do Dalambiri. Foto: Cristina Martins.


Recolha de elementos etnográficos. Foto: Cristina Martins.